sábado, 14 de setembro de 2019

A seia do intelecto

Tenho comido muitos livros,
Muitas palestras e cursos.
Fiquei obeso de consciência
E ficou difícil a locomoção.

Sinto meu corpo e alma cheio
Tanto saber, que trava o fazer.
É como se eu filmasse o tempo,
E o assistisse insistentemente.

Vendo a reprise dos meus atos,
Que anseia o matar do tempo.
Um assassino frio do momento
Que mata lento cada segundo.

Talvez eu mesmo precise morrer,
Como faz a expertise do outono.
Depois renascer com a busca,
O foco de quem foi tão profundo.

Mas como faço a passagem?
Onde reciclo meu descartável?
Onde encontro minha coragem
Para tornar o padrão mutável.

É nesse lugar que me encontro
Vasculhando o vasto meu eu
Para me desvendar e me abrir
As novas possibilidades de existir.