segunda-feira, 5 de julho de 2021

Os desencaixados

Na rua de baixo haviam portões

Só se podia ver entre as grades

Eles viviam de forma meio normal,

Porem se diziam muito diferentes,

Entretanto, pareciam todos iguais.

A menina que ali nascia via cores

Mas só podia usar as que eram frágeis.

Já o menino nem as cores expressava,

Era chamado tolo aquele que pintava.

De cima podia se ver algumas caixas,

Eles passavam por elas e encaixavam,

Tinham formas feitas por outras bocas,

E outras que a própria boca esculpia,

Eram tantos verbos dentro dos portões,

As pessoas pareciam uma monografia.

É o que da quando se ve tanta coisa,

Quando se assiste tanta televisão,

A grade que se ve parecia uma tela

Com os mesmo personagens de sempre.

Destoavam de todos algumas Infâncias,

Seus movimentos e fala, não encaixavam,

Eles eram bobeira, brincadeira, verdadeira,

Traziam em si a beira da imprevisibilidade

No outro canto também divergente, 

Havia a outra idade, aqueles mais velhos,

Que também já nãos se encaixavam,

Da seriedade faziam a fonte da realidade,

Para o resgate da fantasia sem a pressa.

Uma vez fui visto entre as grades,

Logo gritaram o louco esta a vigiar

E soaram o sinal que começou a gritar.

Louco, louco, louco!

Sempre me chamam de louco por sonhar,

Por não entrar na fila dos encaixados,

Por achar a normalidade uma imbecilidade,

Inutíl e estéril, e se isso é ser louco,

Quero ser amigo de todos os loucos,

Que agente viva fora das caixas,

E possa lembrar de ser infância boba,

Ser a velhice sábia sem pressa.

Todo mundo junto e misturados,

Fazendo de nós os desencaixados.






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terça-feira, 22 de junho de 2021

O meu mar

 Nas lágrimas que escorrem, sois um. Vejo as arvores que pousam em mim

Os ventos que sopram o amanhecer das tardes que voam em sons.

Vejo quem semeou os pés de gente e esteve antes dos pássaros ninharem.

Já eu não sei se ainda poderei voar, um patinho feio teima em não mudar.

Já viu minha imperfeição de noite, que depois se transforma em dia?

Já viu água amansar o ímpeto do fogo e depois o fogo elevar as águas?

Não vou citar o arranha-céu dos animais que devoram a sobrevivência,

Ou então a vida que semeia os voos de cada um que beija as flores.

Vim dizer dos vazios que me persegue, das ideias perdidas no escuro do depois,

De quando eu olho para o topo das montanhas e vejo a paisagem que ainda não sou.

Os pés que hão de pular até lá em cima, mal conseguem dar as certezas dos passos.

Tenho estado em movimento errôneo, aquele que circula o tempo sem direção,

Me pendurei na parede e dou voltas no relógio, o tempo passa sem mim.

Como eu queria ter a certeza dos rios, que correm e escorrem em direção ao  mar,

E nos anseio se preenche, desvia, espera e segue, todas as vezes que precisar.

O que me falta é ser, botar as asas da liberdade para escorrer em mim.

Deixar de observar e suar minha natureza da pele, para que possa sentir,

E um dia, eu acorde do açude com a correnteza me levando ao meu mar,

E na imensidão eu seja horizonte, aonde não tenha onde o tempo pendurar.

















domingo, 13 de junho de 2021

Um broto de impermanência

La onde se planta a existência,

A chuva regou o tempo com medo

E foi assim que nasceu o escasso,

Uma flor que brotou no vento

E um ser a colheu para refeição.

Comeu pela manhã feito pão

E da janela que estava enrijecida  

Refazendo a luz já entardecida,

Eu vi o tempo beirando a perda

E de repente ele caiu no anseio...

Quase se afogou em mentiras

Mas o inacabável nada muito bem,

Suas braçadas de possibilidades

Ainda hão de se fazer mais chuvas.

Por que da agua se faz cantorias

E anoitecer ouvindo esse barulhinho!

Nos faz escrever o nosso sonho

Que redesperta o nosso eu risonho.

E rir de não ser só uma etiqueta

Nos leva a nos costurar sem marca

E de chuva podemos nos modelar

Preenchendo as nuvens que faltar

Para que nossas próximas colheitas

Sejam regadas pela chuva de riso

Levando embora o medo de existir

Escorrendo o eu sou assim

E brotando a impermanência. 





sexta-feira, 21 de maio de 2021

Palavras de Arvore

 Enquanto cedem as minhas irmãs

Faço um apelo.


Eu Abro a cortina

Verde,

Colorida,

De abraços a cor.


Respirar puro!

Filtrar,

Amenizar

Sombrear o calor.


Puderas o bicho evoluir

Aumentar, sem me transpor?


Que as pernas imóveis

Espace,

Transpire,

Sem tênis pavimentado.


Onde o descaço caminhe,

reviva,

recomece,

sem ter raiz queimado.


E a paciência doar tempo,

Aprendizado, o homem ser plantado.


Que de raiz e planta,

Dos pés,

No chão,

Um pássaro o humanize


Espalhe a semente por ai

Que brote

Que cresça

E floresça frutos de amor.

segunda-feira, 10 de maio de 2021

O mito da borboleta

Do pé de vento nasceu uma criança,

Ela nasceu feito borboleta voando.

Quando ainda era casulo já ouvia

E a pupa se enchia de despropósitos.

Até dizerem que ela seria pássaro, 

Águia, mariposa, os dizeres a preenchia

E de gole foram propositando suas asas

Que de peso enferrujou e não voava.

No lombo da vida ela fez um ninho

E foi de passageira enquanto enrugava.

As rugas eram puxadas pelo anuviar

Fazendo o caminho de ser entupido.

Se entupiu com tantos copos de rótulos

Que ficou embriagada de paradigmas

Nas asas que antes existia arco-íris

Só batia o amarelo opaco do permanente.

A permanecia das asas em uma só cor

Perde o sabor de voar ao amanhecer,

Perdendo de vista o movimento do chão

Que de tanto rastejar o movimento,

Descobre que a incompletude pode voar,

Que as assas se despregam com o que falta

E do não saber pode-se dizer borboleta.


sexta-feira, 9 de abril de 2021

Esta poesia irá me escancarar
Por isso eu não vou assinar
Mas saiba que eu a escrevi
E em um poema não sei mentir.

Eu venho sendo muito pobre
Desde a minha ultima relação
Nunca consegui sair nua na rua
Por conta da minha inibição.

Meus olhos tem uma conjunção
Eles veem vênus e buscam o belo
Busca, isso em mim trás um elo
Uma romaria por quem eu amaria.

Assim que a paixão me penetra,
Desabrocha um botão de coragem
E a medida que a paixão se eleva,
Ela se torna destemida e selvagem.

E quando se transgride o ímpeto
E o soneto transpassa a paixão
Surge a calmaria e você respira
O passarinho constrói o ninho.

Mas não se vive só de coragem,
É preciso de um banho de força
E essa força deriva do encontro
De estar a deriva e só receber.

Receber do amor alguém, da força
Doar o amor a alguém, da coragem
Me falta sair um tanto da teimosia
De querer tanto dar e deixar receber

Por que é assim que o amor se cria
"Mantenendo" a força para o incerto
Acendendo a coragem para seguir. 
No dar e receber, na selvageria, na calmaria.
 
E quando tudo isso ressoa em regresso,
Os olhos se entendem em discurso
E o amor desfila em dança a dois,
E então, não há mais nada a se escrever.


      


 




domingo, 4 de abril de 2021

A de ser poeta

Tão bom 
quanto escrever 
a poesia, 
é ser parte dela.
Não basta poetizar, 
poesia tem que vivenciar.
Agir com poética, 
falar com palavras poéticas,
Faça com poesia, 
emocione com poesia.
Assim a vida ganha mais cor.