segunda-feira, 5 de julho de 2021

Os desencaixados

Na rua de baixo haviam portões

Só se podia ver entre as grades

Eles viviam de forma meio normal,

Porem se diziam muito diferentes,

Entretanto, pareciam todos iguais.

A menina que ali nascia via cores

Mas só podia usar as que eram frágeis.

Já o menino nem as cores expressava,

Era chamado tolo aquele que pintava.

De cima podia se ver algumas caixas,

Eles passavam por elas e encaixavam,

Tinham formas feitas por outras bocas,

E outras que a própria boca esculpia,

Eram tantos verbos dentro dos portões,

As pessoas pareciam uma monografia.

É o que da quando se ve tanta coisa,

Quando se assiste tanta televisão,

A grade que se ve parecia uma tela

Com os mesmo personagens de sempre.

Destoavam de todos algumas Infâncias,

Seus movimentos e fala, não encaixavam,

Eles eram bobeira, brincadeira, verdadeira,

Traziam em si a beira da imprevisibilidade

No outro canto também divergente, 

Havia a outra idade, aqueles mais velhos,

Que também já nãos se encaixavam,

Da seriedade faziam a fonte da realidade,

Para o resgate da fantasia sem a pressa.

Uma vez fui visto entre as grades,

Logo gritaram o louco esta a vigiar

E soaram o sinal que começou a gritar.

Louco, louco, louco!

Sempre me chamam de louco por sonhar,

Por não entrar na fila dos encaixados,

Por achar a normalidade uma imbecilidade,

Inutíl e estéril, e se isso é ser louco,

Quero ser amigo de todos os loucos,

Que agente viva fora das caixas,

E possa lembrar de ser infância boba,

Ser a velhice sábia sem pressa.

Todo mundo junto e misturados,

Fazendo de nós os desencaixados.






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