Na rua de baixo haviam portões
Só se podia ver entre as grades
Eles viviam de forma meio normal,
Porem se diziam muito diferentes,
Entretanto, pareciam todos iguais.
A menina que ali nascia via cores
Mas só podia usar as que eram frágeis.
Já o menino nem as cores expressava,
Era chamado tolo aquele que pintava.
De cima podia se ver algumas caixas,
Eles passavam por elas e encaixavam,
Tinham formas feitas por outras bocas,
E outras que a própria boca esculpia,
Eram tantos verbos dentro dos portões,
As pessoas pareciam uma monografia.
É o que da quando se ve tanta coisa,
Quando se assiste tanta televisão,
A grade que se ve parecia uma tela
Com os mesmo personagens de sempre.
Destoavam de todos algumas Infâncias,
Seus movimentos e fala, não encaixavam,
Eles eram bobeira, brincadeira, verdadeira,
Traziam em si a beira da imprevisibilidade
No outro canto também divergente,
Havia a outra idade, aqueles mais velhos,
Que também já nãos se encaixavam,
Da seriedade faziam a fonte da realidade,
Para o resgate da fantasia sem a pressa.
Uma vez fui visto entre as grades,
Logo gritaram o louco esta a vigiar
E soaram o sinal que começou a gritar.
Louco, louco, louco!
Sempre me chamam de louco por sonhar,
Por não entrar na fila dos encaixados,
Por achar a normalidade uma imbecilidade,
Inutíl e estéril, e se isso é ser louco,
Quero ser amigo de todos os loucos,
Que agente viva fora das caixas,
E possa lembrar de ser infância boba,
Ser a velhice sábia sem pressa.
Todo mundo junto e misturados,
Fazendo de nós os desencaixados.
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