quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Somos passistas

É Carnaval

Eis que a folia se revela
E agente apela para liberdade
Caem se as mascaras de papel
Que desenhamos as repressões
Caem se em demasia as cousas
Que nos prendem nas ilusões.


A roupa de quem se esconde cai,
O esconderijo do medo se esvai
E revela o corpo, e revela ela.
E ai, de repente danças, abraços,
Conversar abertas e muitos beijos,
Que estão livres de quaisquer conceitos.

É Carnaval

Aquele medo das traças que a roem
Não convêm, porque eles saíram.
Também se libertaram de algo,
Estão agora em algum lugar vago.
Vestidos de roupas sensíveis
E abrindo seu substantivo feminino.

Os encontros não são mais adjetivos,
Pronomes ou coisa e tal,  ele é real,
Provindo do ser, da vontade de sentir
Pela liberdade de não ser conceitual.
Os beijos não vão me nomear a nada
E isso é o Carnaval meu camarada.

É Carnaval

Ainda que essa liberdade e comunhão,
Venha acompanhada de uma alteração,
Algo externo que nos conecta a essa ação,
Vale sim sair se jogar e experimentar,
Vale trocar de roupa e virar a fantasia
Contar a história de Era uma vez Folia.

Talvez um dia, depois de tantos Carnavais,
Deixemos o externo e bebemos o interno,
Tomemos doses de carnaval o ano inteiro
Sendo roupas sensíveis ou não a tendo
Atento com as vontade e não os adjetivos
Sendo passistas e não só passantes nessa vida.

É Carnaval.



segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Trem para as estrelas

Logo cedo se pôs para fora Gabriel
No céu ele viu o sol em decadência.
Desabando o barranco de nuvens verdes
E caia feito desamor e desencontros.

Caia sem fim, e de dentro não saia
Seu poço era tão dor de desperdício,
Não havia de enxergar o amanhecer.
O sol que chegará perto queimava.

O poço transmutou de avido a árido
E não mais se bebia o licor de amor.
Gabriel destoava de ver tanta perda
Da inépcia do sol que no poço jazia.

Foi de gelo que enrijeceu o cortejo
Não derretia em copo de ninguém
Só bebia na taça que não tem nada
E logo forjava de medo a retirada.

De tanto pesar sufocou o peito
E do leito fez o gozo da alvorada,
Entardeceu os olhos com pétalas
Recebendo o aroma da gentileza

Agora Gabriel também recebia
E não só dava, foi encantado
A dança mudava de condução
Gabriel se permitiu ser cortejado.

Assim ele pode conhecer o cume
Lavar o medo em água canoeira
Tirar da adega o macho-cado velho
La na pedra do mar e sair do regime.

Foi assim que o Gabriel reviu o sol
Junto com aquela luz do amanhecer
Ela trouxe do pretérito a entonação
Que desafinava o tom da relação,

No final do dia ao voltar a porta,
Gabriel sentiu do sol um progresso
Algo novo ingeriu o obsoleto conceito
E viu do dorso o efeito de experimentar.











sábado, 8 de fevereiro de 2020

Verdade ou mentira, oque você atira

Eu vi você falar sílabas agudas
Que craseavam falsas no tempo
Eu sabia da turva boca torta
Que não falava a cor natural


Foi ai que aprendeu a dominar
Entoando palavras sem cor,
Mentiras que geram neblina
Embaçando os lírios da clareza.


Nasce um broto verde de dúvida
Logo temos o crescer da floresta
matas densas de flores mentirosas
Ardilosas raízes do falso poder


Quando rasga o céu da boca
A cadente promessa da mentira.
Uma bala perdida você atira
Matando um corpo que acredita


Sabendo que mata a verdade
Quantas balas você irá mentir?
E não fale que isso é escudo,
Ninguém se defende com mentiras.


Serve para encobrir faces escuras
Criar falsas curas que entorpecem
Ensurdecem a voz do modesto
E incônscio começa o protesto.


A mente daquele ralo descrente
Exala o cheiro de quem menti
O odor do medo escorre na pele
E repele a coragem de ser.


Uma sociedade de pós verdade
Com tantos sopros desafinados
E ouvidos sendo padronizados
Ainda Insiste em beijar mentiras.