segunda-feira, 29 de julho de 2019

As pernas que não pude acompanhar

Ai se a lua cheia falasse,
Ela cantaria sua luz entre o coqueiral
E em um sigiloso copo vinho,
Ela banharia os corpos de um amor
Tao intenso e inconsciente,
Que só amanhecer saberia explicar.

Ele diria que aquele vento passante
Veio das asas do passarinho,
Aquele que ao avistar os olhos,
Fixou o voo do meu olhar.
Que só não a olhava quando se fechava em dança.

E as manhãs que acordavam com cheiro de ar,
Me envolvendo em um furacão tão suave
Que logo me tirava um sorriso desperto,
E de tão desperto eu flutuava nas horas 
E o dia era um mergulho no Gandhi.

Agente saia de mãos dadas por ai
E minhas mãos a sentia divertida
Me cuidava com essa alegria,
Me perfurava os sentimentos
E os findava no sonho de sua boca.

Perpassou o tempo e o pássaro voou
Percorreu o seu caminho liberto,
Livre para ciclo que mostra a lua
Com não só cantar, mas também uivar,
Gritando aquele sorriso de mulher.

Agora eu ouvi dizer que o pássaro,
O pássaro, ele não tinha asas,
Mas sim pernas tão rápidas, tão rápidas
Que eu, mesmo ágil, astuto e sagaz
Não fui capaz de a acompanhar

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Olhos covardes

Eu sempre procurei o amor,
uma procura árdua e intensa,
Ele era tipo a minha crença
e para o meu corpo o vapor.

Mas sempre o via bem distante
E se afastando do horizonte.
Passei primaveras de bafafá só,
Por achar que não era seu xodó.

Cheguei a me despir em escrita
para que enfim ele me escutasse,
e como se não bastasse, fui longe,
o nomeie como o meu parasita.

O culpava de toda minha inércia,
que só seria quem eu queria,
quando ele curasse a carência.
E a parti dai eu poderia então agir.

Foi ai que resolvi comer meu dia
Para que só pudesse o ouvir.
Quando ele me desse um alguém
Eu poderia não me achar aquém.

Só não sabia que enquanto escrevi,
Houveram tantos casos de amor,
Tantos... que não daria para contar.
E sabe porque eles não estão aqui?

Por que eu menti, sim fiz mentir!
E digo isso engolindo tanta dor.
Mas preciso gritar para ouvir,
Eu menti, eu menti, eu menti!

Falei que as poesias eram elas,
Aquelas que eu podia dizer sim
Por que elas já tinha um não
E eu não precisava sair do jardim.

E para aqueles casos de amor,
Ai! Para esses eu não escrevi,
Eles não podiam dar o que perdi
Que era me atribuir atributos.

Percebi que os sims vieram
desmerecidos por me quererem
Já o não, eu via como sábio,
Dispensam logo alguém inábil.

Então, foi assim que descobri.
Que não me estou enamorado,
Não me quero beijar ou estar,
Na verdade me vejo desbotado.

E não adianta passar as tardes
Querendo anoitecer entrelaçado
Se não há laços nos meus braços ,
Se meus olhos são covardes.


segunda-feira, 15 de julho de 2019

O que é intangível

Mais uma vez eu a vi
E não consegui agir
Eu congelei sem jeito
E disparou o meu peito.

Os meus lábios tremiam,
Os meus dizeres não saiam,
E quando resolviam sair,
Não dava para traduzir.

Só porque não me vejo,
Acho que sou um zero
Que não te leva fortuna
Que tem pra te dar coisa alguma.

Porque você iria me querer,
Se eu não tenho nada a oferecer?
Quantas críticas eu me faço
Até dar o meu primeiro passo.

As poucas vezes que realizo,
São tão sutis quanto invisíveis,
Surgem como um tímido sorriso
Mas toca as mais sensíveis.

Tocou você que é sensível
Que procura o que é intangível
Que fecha os e começa a ver
Tudo aquilo que tem para receber.
.

Por que quanto eu te encontro
Eu ofereço todo o meu vazio.
Um campo sutil e vasto,
Que vai além do que é visto.

Eu posso te dar o que valorizo
E não o que vem de valor
A coisa mais valiosa que 
Tenho pra te dar, é o amor.