domingo, 20 de outubro de 2019

Conversa de Passarinho

Um avoar de quem canta
E encanta na ingenuidade
Com palavras de assovio
Que ensurdecem de energia.

Esse foi o papo que tive
E obtive um bom mestre
Salve mestre passarinho
E o seu despretencioso canto.

Você já parou um dia
E quis entender o uirapuru?
Essa poesia que assovia
Não há de ter significado.

Já reparou a semelhança
Que tem a poesia e a criança?
Da boca as imagens saltam
E se cria, recria e transcria. (ato de criar subjetivamente)

Você pode ser perna de pedra
Ver a cor do ar dentro do copo
Ter tatuado sua licença poética
No pleno verão de seu corpo.

É assim que grita no pulo
Um gaiato inventivo
Que criou na mão o mundo
E transviu tudo que há.

E ele não parou por ai
Percebeu que nessa lixeira
Havia muitos restos de era
E foi de retalhos pintando.

Era cada emoção de tinta
Que quando já estava parede
Pediu agua de aquarela
E a cada gota se transformava.





sábado, 12 de outubro de 2019

A importância dos insignificantes

Eu fui subir no pé de mangueira
Para chupar um pouco de altura.
E la vi que as estrelas brilhavam no cair do dia.
Que o azul do céu na verdade era um abraço do nada.

E de nada, me supria o sorriso
de um punhado de crianças.
Que mais valia o canto de uma cigarra do que afinação.
Que o silêncio do vento só é quebrado pela lagrima.

Um dia eu fui de atrevido cair no irreal.
E foi assim que virei borboleta.
Eu vi as cores do branco que se vê no olhar que pensa,
Mas não é que pensa em algo importante, mas sim nas peraltagens.
Naquelas paisagens que só vê aqueles que nada vê.

Eu fui encantado pelas travessuras
Fui sair de sabedoria e voltei de pernas mansas.
Me amanheci com os pulos nas costas e fui florescer de mato.
Poque me atrai a simplicidade de que precisa o mato para crescer.
E foi assim que descobri o jeito insignificante de ser.

E isso me salvou de quem eu era
Da minha cansada vontade existir.
Poque pedi para uma criança se aproximar da minha existência
E ela acabou pulando no vento, olhou para o chão e sorriu.

E foi ai que descobri a importância do chão
A vontade de tragar um arzinho e andar em volta de mim
Nessa volta que conheci o Maneco, e ele me fez enxergar.
Conheci a importância de fazer parte dos insignificantes.



sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Meus medos

Eu tenho mais medo
Da vida do que da morte
A morte eu sei o enredo
Um dia ela me levará.

Já a vida eu preciso traçar,
É de responsabilidade minha
Eu decido que rumo tomará,
para onde minha vida caminha.

E sobre a vida penso na verdade
Viver ela na sua sinceridade.
Porém ela é uma relatividade
Não existe só um ponto de vista.

A verdade do meu eu idealista
É a mentira do outro panorama
Não é nada certo ter a conduta
Que minha verdade é absoluta

E já que muita verdade derrama
Porque todos enchem seus copos,
Os copos bêbados de conceitos,
Gestando assim os pré-conceitos.

Quem sou eu pra julgar engano,
e dizer que o que é seu foi erro,
Se é da característica da natureza
Soprar sons da orquestra em piano.

Cada tecla tem sua nota,
Infinitas possibilidades de ser,
E se nós tocássemos a vida
Não seriamo nós o agiota.

Não iriamos nos cobrar o exito
O ideal exagerado por si mesmo
A dualidade do mundo exausto
Que se some no ensaio cego.

Ai nego a semiótica da geografia
Enrico com as nobres conquistas
No fogo que arde na Amazônia
Na seca que bebe avidas vistas.

Na sobra que afoga os oceanos,
Na doença que fazem do nutrir
No cobiça que reduz o dormir
Na imposição de tantos tiranos.

Abremos o motor da circulação
Troquemos eles em volto aos braços
E vivemos não mais na comparação,
Na imagem, mas sim em nossos passos.