segunda-feira, 29 de março de 2021

Carpe Diem

Nas manhãs de ontem,

Morrem as memórias.

As que não acordam,

Pregadas na desistência.


Nas manhãs de amanhã

Morrem as memórias

As que não acordam

Pregadas nos anseios.


Nas tardes de ontem

Morrem as alegrias

As que enfim eu faria

De tanto pensar no amanha.


Nas tardes de amanhã

Morrem as alegrias

As que eu não farei

Da tanto pensar no ontem.


Nas noites de ontem

Morrem os sonhos

Os que adiou o dia todo

Por pensar em acordar.


Nas noites de Amanhã

Morrem os sonhos

Os que adiou o dia todo

Por não conseguir dormir.


Agora nas manhãs de hoje

Nascem as memórias

As que se põe a acordar

Pregadas na existência.


Nas tardes de hoje,

Nascem as alegrias

As que estou a fazer

De tanta falta de pensar.


Nas noites de Hoje

Nascem os sonhos

Os que morreram antes

Por você permitir-se renascer.



















segunda-feira, 22 de março de 2021

A relação fria

Não me venha com beleza fria,
esfriar meu leigo olhar viciado.
Visceral pela sua estética verde
Que amarga a mordida do tempo.

É desse lugar que nasce o fim
Fecundado pela falácia da mente
Que mente pelo mártir do ego
Guiado pela gula da desilusão.

Desnutrir do seu próprio prato,
Diz que dentro está sem roupa,
Rasgado, vais vestir-se pro outro
E penar, só pegando carona.

Cuidado para não cair da boleia 
Abraçado em ser sempre tripulante
Ajudante de suas encolhidas escolhas,
E navegar na relação em náuseas.

Andar de mãos dadas ao mar,
A deriva delirante do normal
O que faz "mal" é dado no dia a dia.
Difícil de se manter saudável. 

E se for para acordar sem amar,
Abrir a janela da jangada sem sol,
Saio de fininho aos flertes sozinho,
Acenando aos passarinhos livres.

Libertos desbravando o diferente,
Por que se não houver ou existir
O diferente, se não puder coexistir,
Vou desistir e caminhar cantando.

Saber saborear a melodia da voz,
Vivenciando a saudável solitude
Que quando nutre o nativo ser,
É natural acariciar amor de dentro.




domingo, 7 de março de 2021

Vem me Regar

Tenho sentido um vazio
Ao me deitar só, na cama.
Nem a chuva de lagrimas
Me faz sentir preenchido

Na verdade não tem chovido
E me tornei ainda mais vazio,
Como uma nuvem preta no céu
Que não derrama uma gota.

Ela entra e deixa o dia nublado,
É isso eu estou o dia nublado.
Eu estou aquela tarde cinza,
Que nem ao menos chove.

Enquanto chovia ainda sentia,
E sem sentir... Eu fico oco,
Um coco seco, que não sacia.
Não tem sentir para dar.

Tudo que sente é pura ilusão
Uma miragem sedenta de amor
E quando chega no oásis,
Na verdade chegou no sertão.

E o sertão me fez um visionário
Enquanto agonizava de ilusão,
Me fez parar de correr atrás do não
E deixar de ser da ficção missionário.

Agora voltei a ser semente,
E tenho muitos frutos a dar,
Mas vou ficar aqui quietinho
Esperando alguém me regar.