sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Homem não chora

 La onde minha criança mora

Disseram que homem não chora

O que faço com a vontade de chorar?

Se eu engolir eu vou engasgar.


Eu ja mastiguei rapido o medo,

Por que homen não tem medo,

Ja tive indigestão de fraqueza,

Por que homem tem que ser forte.


Ja vomitei meu sexo no ar

Por que homem não pode brochar,

Ja tive dor na barriga de sentir

Por que homem não é sensível.


Tantas distorções de ser homem

Que me perdi no embaraço de imposições.

Até que um dia cansei de ser macho,

Aquele facho de intuições me levou.


Eu cuspi minhas lágrimas na cara

Daquela sociedade dos machos

Que dizia escrachos da emoção,

Afinal dali, eu queria exoneração!


É sufocante manter a pose viril.

Desmerecer aquela que te pariu,

Velar as dores e a fragilidade

Contra golpeando a igualdade.


Não se bate no que é diferente

Se conversa, troca e aprende.

Alguem mostrar o jeito que é

Isso não te ofende.


Isso é a natureza inconstante

Respeitando a diversidade

E não se erguer como arrogante

Se achando o dono da veradade.


Homens se permitam, sintam a flor

Deixe escorrer o rio da sua dor

Faça das aguas de suas emoções

Uma fonte e não suas punições.


Se quer ser um ser de verdade

Acredite na sua intuição

Se abra para sua emoção

E seja, seja o que tiver que ser.














quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Entre dia e noite

 O silêncio toma a noite

Quando deleito o travesseiro

A angustia toma o folego

Que sopra escuro a direção.


Como fechar os olhos

Se não percebi o dia?

Passei em vão na existência

Preguei me no inabitavél.


Não posso os olhos deitar

E no amanhã poder mesmar.

É assim, os meus olhos!

Eles esperam o amanhã.


Fico no meu olhar fixo

Mas não estou vendo nada.

Estou plantando pensamentos

Para ver se amanhece frutos.


Se amadureço de ser gente

Se desato minhas insertesas.

Mas eu engasgo meu sono

Que acorda ainda na garganta.


Entalado de sonhos esquecidos

Por não me deitar na alma.

Desmerecer a morte diaria

Por escrementar as escolhas.


Pobre do dia que passa

Despercebido da vida.

Pobre da noite que passa

Despertada da morte. 


segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Você é a fonte

 Todas as tardes de orvalho,  

Eu olhava o escuro do menino.

Tinha o andar de solidão.

Os pés eram bem ligeiros,

Trazia consigo um sorriso.

De manhã acordava o sol.


Lembro do olhar de roupa

Que lhe vistia tão bem.

Disfarçava os trapos de ermo

Que ele respirava da flor.

Aquela flor na garrafa vazia.

O bebado já  havia a tragado.


As letras que o menino sorria,

Caia nos braços de cada esquina

E foi entorpecer os seus abraços.

O menino não compõe mais resina.

Ele ali, perdia os próprios passos.

Foi escorrendo de estar só.


Mas ao anoitecer, já de pernas

Eu vi o menino no escuro.

Já nem era mais um menino.

Ainda tinha o andar de solidão,

Os pés ligerios e seu sorriso!

O sol o levará para ver a lua.


Alguns dias levaram ele, eu vi

Trupicando de andanças torta.

Vai o que já não é mais menino,

Tentando subir na arvore morta.

Pegou os passos que cairam dai

E da fonte bebeu o amor por si.


De escuro não via mais o menino.

Nem mesmo as pernas já crescidas

Procurei, eu desejava a hsitória.

Ela partitura as minha lagrimas.

E no ultimo gole do amor por si,

Percebi que o texto eu que escrevi. 





Beija-flor

O meu corpo é minha casa,
Minha mente a sala de estar,
Minha memória é o quintal,
Meu sentimento é a cozinha,
Meu ego é o meu quarto
E minha alma é minha cama.
O meu ser é o silencio do meu sono
onde a liberdade do beija-flor
segue à beijar as flores.

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

O dia passante

O silêncio me chamou para entardecer
E eu, fui com ele para silenciar.
Ao acordar a cama estava convidativa
E me fez ficar mais um pouco com ela.

O fazer me persegiu pela manhã,
Veio chamar o silêncio para a balburdia.
O dia que emprestou a sua casa,
Disse para eu ganhar tempo comigo.

No início da tarde o Fazer veio a porta,
Queria levar o silêncio embora,
Mas ele ficou ao meu lado, mudo
E sem dizer nada, energizou o corpo
Que se levantou e foi se espreguiçar.

O fazer fez amizade com a mente
E ficaram papeando alto para eu escutar.
Era muito tentadora a conversa,
Já que o Tempo deixou o dia comigo
Era eu e ele entre o nascer do sol.

Com esse Tempo todo ao meu lado,
O Fazer não queria perder o Tempo.
Foi ai que fechei os olhos e senti
O Silêncio levando o Fazer para conversar,
Bem baixinho ouvi: - O fazer sem sentido se perde.

Ao abrir os olhos o Fazer estava na minha frente,
Calmo como nunca e entre uma respiração disse:
- Tome seu tempo que me apropriei,
Não vou mais usalo sem você. Olhou para o Sentir

O Fazer sentou e espiou o Sentir acabar,
O Sentir estava fazendo massagem no Corpo
E o Fazer esperou o seu momento de fala.
Na conversa eles decidiram fazer comunhão
Cada um agora teria seu momento e espaço.

Todos vieram até mim e viram o Silêncio,
Percebi o constrangimento e apreenção,
Dei um passo a frente do Silêncio e disse:
- Preciso ficar alguns instantes sozinho.
Todos, inclusive o Silêncio partiram.

Ao se aproximar o sol de nascer novamente
Percebi que o Cuidado ficou ali, ao meu lado.
Quando o Tempo me empresta o seu dia,
Cuidar de mim é o mais importante
O Fazer percebeu isso e fez coisa que gosto.

Abri a porta e os convidei para um chá,
Sentamos, bebemos, conversamos um bucado.
Eu vi que tudo agora estava integrado.
E eu achando que estava com a Solidão.
Bom deixa eu ir que tenho muitos eus para lidar.




sexta-feira, 15 de maio de 2020

Saudade

A sede do amor,
Quanto mais calor dos corpos,
Mais sede de saudade se bebe.
Chuva trás mais saudade
Ao vela caindo de solidão.
Ao som de estar aqui dentro
E ela lá fora molhando o mundo.
Tomo banho de saudade
Ao saber que amo,
Lavo o amor com as gotas de saudade
Que caem do chuveiro.
A agua alimenta a vida,
Assim como a saudade alimenta o amor,
A água é a fonte da saudade
E a vida a fonte do amor.
Não mergulho na saudade,
Vivo no amor e bebo a sede da água
Para que sempre haja amor.

segunda-feira, 4 de maio de 2020

A casa de Inerte

Hoje podemos dizer casa
Não se dorme mais no hotel
E o veraneio de fim de semana,
Não é mais o refugio da vida.

Até mesmo onde mora Inerte
Os pés tem pisado a vivo,
Se não fosse hoje,
Talvez a Inerte ainda estivesse
Perdida no berço da construção.

Tem criatura a chorar de prendura (ato de estar preso)
Nas lagrimas das suas escolhas.
Já que esse açude é seu,
Tu estas a beber da sua familia
Feita aos moldes da boneca Emilia,

Que não se trata de boneca comum,
Foi costurada a mão, artesanal.
Talvez seja o tempo do dialogo
A fala em goles de matar a sede
Sede de viver atemporal.

Hora de ganhar um toque de afeto
E avizinhar os que amam
Reconhecer os de perto
Nas suas nuances esquecidas
Ou que agora estão amadurecidas.

E vale lembrar da liberdade
Essa de poder se banhar nas aguas
Que não banham a desigualdade,
Dos que ainda vestem a rotina
E são espostos ao que assassina.

Presos na preocupação da frente
Onde passa o bonde das verbas
E se não sobe, soa sangue
As veias entopem de nervoso
E as feiras passam fome.

Eis que esses ainda visitam hoteis
Dormem fora e moram na rua
Visitam seus afetos antes de dormir
E não podem vivenciar a casa
Estão voando sem ter asa.

Me disse uma frase o hoje,
Tu deixe de desaforo 
E goze do seu aforo, privilégio
De dar as mão aos segundos
E poder entrar na porta que abriu.

Entrar e enfim poder encontrar
A felicidade nas coisas acerca
Parar de sair embriagado afora
Procurando onde ela mora
Se já sabes onde a tens . 



terça-feira, 28 de abril de 2020

Eu escolhi ser Pai

Há tempos eu desejo escrever sobre isso,
Mas nunca me deixei,
Pra mim  foi dificil escrever
para alguem que me apaixonei,
Antes mesmo de nascer.

Quando o vento sobrou no seu ventre,
Levou o meu sentido,
Era eu e ela e agora vinha o entre.
Perdi o saber do que estava sentindo.
A principio era confuso.

No entanto o tempo trouxe o desfecho
A batida rítmica da vida
Trazia evolução, uma nova melodia
E nesse compasso, fui aprendendo,
Descobrindo o ser paterno.

Percebi que o criará quando o vento soprou
Que aquela turva confusão,
Sem o sentido do sentir, era o sopro.
Que aquele sentimento era o nascer
De um pai novo.

Que naquele momento, tomava a decisão,
De ser pai de prontidão,
Nem sabia mais era isso que acontecia.
Porem tudo que é novo deve haver o pratico
E o estudo, vivenciar e estudar.

Meu caminho de pai, levou sim a estudar,
Eu sentia, mas não sabia.
Eu tinha que aprender esse novo papel.
Fui me conhecer, deixar o que não queria mais
Acabar com ciclos terminais.

Foram duas primaveras florindo buscas,
Agora era hora de plantar,
Dos estudos passei a vivenciar, estar na presença
Tudo que me tirava disso ficou no ar
E ao filho fui me dedicar.

Hoje depois de muitos verões de sol na cabeça,
Esquentando as emoções,
Sinto de corpo e alma que escolhi ser pai,
É uma escolha, mesmo que o filho/a nasça
Você tem que escolher

Só depois que toma conciencia dessa escolha,
Sentirá o que estou a te dizer.
A relação pai e filho e muito mais que prover,
É dedicação, amor, vivenciar e trocar.
Ensinar e aprender.

É mostrar que ser gente não é engolir o choro,
Mas ensinar a poder sentir.
Chorar junto para que depois possam sorrir,
É mostrar que ser gente é poder errar
E juntor vamos melhorar.

Enfim cabem um monte de adjetivos aqui,
Mas o que quero dizer,
É para que se tem um filho ou vai ter, escolha
Seja pai, seja mãe se dedique, não se deixe cair
Só assim a humanidade pode evoluir.






segunda-feira, 20 de abril de 2020

Desumanamento

As vezes a poesia se escreve
em dez minutos
E depois o pássaro
Canta o soneto.

Já ouviu o soneto de um pássaro?
Ele solta todos os ventos
De onde viu existência,
Ai parece que ele sentou ali
Só pra cantar.

Mas cada asa que ele bateu,
foi um ensaio de poema
E esse foi o tema em que vi
As lagrimas na pedra,
Ela chorava o silencio das matas
Que ressova os versos.

Eu sinto falta dos diversos
Cantos escritos por um sabiá.
Ora na janela vinha o Piriquito
E trovava seu grito da rua,
Dai nascia muita prosa.

Agora tem muita desconversa,
A mata ficou la no silencio
E por isso ninguem mais canta,
Fica o zunido passeando
de longe, se vê da janela.

Dai a poesia não vem,
Não tem nenhum vento
Sem qualquer ave a avista.
Aqui deve haver inexistência,
Por causa dos ruidos .

Ouve descuidos ao fazer
Aquela janela envidraçada,
Os passaros batiam nela
Ao não ver a parada,
Não havia mais o mato.

Ouve um deshumanamento,
Derrubaram-lhe as cabeças
Ainda quando era muda,
E quando se faz isso
Todo ecossistema muda.

 Então agora para soar
O poema dos passaros,
É preciso de um sextar,
Um sueto para viajar
E ouvir de novo o soneto.

Enquanto isso,
Afastamos os passáros
E perdemos o seu canto,
Dorme-se e acorda-se
Ao som dos zunidos
de passaros sem voo.

Seguimos criando gaiolas
E Prendendo os poemas
Numa cançao antiética.
Sem as aves asando por ai
Não se vê mais existência no vento,
Perde-se a expressão poética















segunda-feira, 13 de abril de 2020

Desperdício

Hoje acordei e peguei meu celular,
Eu vi um bocado de coisa boa,
Foi ele que me fez despertar
Eu carregava comigo o dia atoa.

O dia foi se fazendo de estiagem
Peguei o meu celular novamente,
E compartilhei a imagem do tédio
Ele dava dicas do que eu fazia.

Tantas dicas que parecia assédio
Já era uma da tarde que passará
E eu ainda nem havia alimentado,
Sentado a frente do por que!

Mais tarde, perto das quinze horas,
Eu já havia postado toda imagem
Daquele dia que vi Dom Quixote,
Fomentando o lema, "fazer o bem"

Ai! Agora as 16 tenho uma live,
Ensina a fazer em um só dia,
Tudo aquilo que não fiz antes
Com a promessa de não ser breve.

Nossa acabo a live e são dezoito
Pensei, e vi que tinha conversas
Falei (escrevi) tanto que já são vinte,
E tenho Pitágoras a fazer online.

Ufa, são vinte e uma, hora do netflix
Assisto um calmante, o dia rendeu,
Mas amanhã estou comigo de novo!
Vou ler um livro, fui adormecendo.

E eu segui, assim me afastando
Foram quase quarentena de dias
Que eu continuei a se isolar de mim
Até que um menino me acordou.

Ei, você, acorda! Em tempos difíceis,
Você pode ter duas escolhas
Ou você se enche de coisa pra fazer,
Ou você resolve e se preencher.

Acordei e ele me levou para brincar,
Brincamos de um tanto de vazio
E nesse dia o tempo foi tão inteiro
Que eu nem precisei contá-lo.

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Tudo que eu não falei

Hoje, não venho dizer nada,
Esse é o jeito que eu  me abro.
Tudo que escrevo hoje, é fato
Mas na sombra do desconhecido

Eu tenho uma ardente angustia
aquela que corrói, que degrada,
feito ferrugem que esfacela o peito,
Mora de cautela em baixo da cama.

Toda bagunça do meu intimo,
É o monstro de baixo da cama,
Que traz insonia para o acordar
Bom, agora não vamos falar dela.

Não te digo nada sobre a tristeza,
Onde acordo ainda sem família,
Mas sonho em compor essa partitura
Já que não a escuto desde a amargura.

Eu até já ensaiei um família,
Mas não era a minha novela
Foi difícil perder o capitulo dela.
Por isso gravei a fita e reprisei.

E então outra coisa que não digo,
É sobre o medo avistado da janela
Que aqui dentro não tem ninguém
E de fora pode ver a sala da inércia.

Será que eu nunca vou esta em casa,
Eu sinto que ainda não a construí
E morro de medo de ficar na rua,
Sujeito a caridade da auto estima.

E não vou dizer onde é o esconderijo
Por que tenho prazer de estar lá
Faz com que o tempo não exista
E tudo passe, passa que até eu passo.

Passo de tal forma que nem se vê
Correndo para os braços da esperança
E nela querendo, onde isso vai dar,
Mas esquecendo de hoje estar sendo.

Então chega o momento que não falo,
Mas de jeito nenhum, zero eu falaria
Que eu sinto falta interna e externa
Que não a reconhecimento de si,

Que eu me assombro de tal maneira
Que não vale nada tudo que eu fiz
A cicatriz esconde esse belo sorriso
E eu não vou te dizer qual é a raiz.


segunda-feira, 23 de março de 2020

Confinamento

Tenho estado tão fora de mim,
Não sei qual é a parte de dentro
E esse confinamento me expôs.
Fiquei pasmado ao me apresentar.

No espelho, aquele que  vejo sempre.
Mas o olhar... esse era diferente,
Me encarava cavo, de ver as vísceras
E eu caia no entardecer poente.

No topo da pedra vendo o por vir,
Vinha uma arda e extensa solidão
Nós já tínhamos sido apresentados
A graça é que a conheci quando parti.

Eu lembrei daquele olhar do espelho
Percebi que o conhecia... de onde?
De quando eu dentro mim vivia
E podia hospedar minha presença.

Pus me a chorar sem contorno,
Fui embora um dia e me deixei.
E o pior, foi não saber o outono
Perdi a estação que caminhei.

Agora, com esse repentino reencontro
Com esse caótico ser de quarentena.
De pronto, tive que pensar no olhar
O que posso fazer comigo e pra migo

Decidi me conhecer e vamos sair,
Vamos tomar uma taça de vinho,
Tratar de colocar a conversa em dia
E voltar a me amar como já amei.

Vamos fazer sexo sem o espelho,
Não mais precisar gozar para fora
Quero habitar de tal maneira o eu
Que só de intuir já saiba que é meu.








segunda-feira, 16 de março de 2020

É preciso o novo de novo

Oi amigo como você esta?
- Eu estou prestes a morrer.
Mas o que você tem amigo?
- Tenho que deixar o ontem para trás.

Mas como assim não entendo?
- Desejo que eu morra ontem.
Que horror morrer assim, para.
- Você tem medo da morte?

- Tenho claro, preciso viver ainda.
Ai que você se engana meu amigo,
Todo esse medo é que te faz morrer.
- Cara como assim, não entendo?

O medo da morte nos faz morrer
Agente devia morrer todos os dias,
Não ficar pregado na existência da vida.
O que foi, não é mais você, morreu.

A morte não é um fim, ao contrario,
Ela é um começo, o ponto de partida,
Quando você deixa morrer o Eu de ontem,
Nasce um outro eu hoje, que morre,
Que nasce outro amanhã, e amanhã e outro.

Cada morte é importante, a morte da ideia,
A morte do pensamento, a do vinculo,
Até mesmo a morte de um amor
Porque cada dia você precisa amar de novo.

O medo da morte não deixa o seu filho viver,
Não deixa a cada dia um outro você florescer.
Quem é que vive sem se deixar morrer?
Eu não tenho conhecimento de ninguém.

- Mas amigo, como se morre em vida?
Se morre quando você se muda,
Quando você deixar um amor ir
E abre a porta para outro entrar.

Se morre quando você escuta alguém
E deixa aquele conceito que tinha partir,
Se morre quando você faz uma viajem
E trás consigo o nascimento do aprendizado.

Existe varias formas de morrer sabia?
O problema é aceitar o fim da sessão
É desapegar e sair da grande desilusão
De que somos invariáveis, somos o ontem.

Somos aquela criança cheia de ausência,
Ou aquele que ontem não realizou a ação.
Tudo que foi, serviu para a transformação
Para remover o eu de um lugar e em outro por.

Enfim, eu quero morrer hoje meu amigo.
E a cada dia poder nascer mais vivo.
E quem sabe depois de tanto existir,
Eu possa feliz desse corpo poder partir.





segunda-feira, 9 de março de 2020

Era uma vez

Havia em um mundo interno
Uma cidade cheia de contos
Cada dia se contava um novo
Um bocado de estórias crescia.

Nesta cidade havia o passado
Ele era cultivado como alimento
O povo sempre estava faminto
E se nutria desse prato pretérito.

Tudo estava ancorado e obsoleto
O cenário no horizonte era dor
As estórias que la eram amuleto
Acabavam se tornando morador.

As estórias aproveitaram do ensejo,
Receberam o cortejo e culturaram-se
A cidade tornou-se os seus contos
Se esqueceu que amanha há recontos.

A cidade dormia em um estrado
Sem lembrar de assentar o colchão
Então acordava com a mesma dor
E não conseguia largar o bordão.

Mesmo que chegasse alguém novo
E vus contasse uma nova estória,
O vasto vislumbre desse povo
Não vus deixava ver outra trajetória

Por fim aquela cidade virou museu
O povo de la de dentro envelheceu
Sem conhecer a cidade vizinha
De onde vinha um povo efêmero.

La, as suas estórias eram um amparo
Para poder aprender estórias novas
E  dar de presente aos que ouvem,
A nova visão do desenho das nuvens.





quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Somos passistas

É Carnaval

Eis que a folia se revela
E agente apela para liberdade
Caem se as mascaras de papel
Que desenhamos as repressões
Caem se em demasia as cousas
Que nos prendem nas ilusões.


A roupa de quem se esconde cai,
O esconderijo do medo se esvai
E revela o corpo, e revela ela.
E ai, de repente danças, abraços,
Conversar abertas e muitos beijos,
Que estão livres de quaisquer conceitos.

É Carnaval

Aquele medo das traças que a roem
Não convêm, porque eles saíram.
Também se libertaram de algo,
Estão agora em algum lugar vago.
Vestidos de roupas sensíveis
E abrindo seu substantivo feminino.

Os encontros não são mais adjetivos,
Pronomes ou coisa e tal,  ele é real,
Provindo do ser, da vontade de sentir
Pela liberdade de não ser conceitual.
Os beijos não vão me nomear a nada
E isso é o Carnaval meu camarada.

É Carnaval

Ainda que essa liberdade e comunhão,
Venha acompanhada de uma alteração,
Algo externo que nos conecta a essa ação,
Vale sim sair se jogar e experimentar,
Vale trocar de roupa e virar a fantasia
Contar a história de Era uma vez Folia.

Talvez um dia, depois de tantos Carnavais,
Deixemos o externo e bebemos o interno,
Tomemos doses de carnaval o ano inteiro
Sendo roupas sensíveis ou não a tendo
Atento com as vontade e não os adjetivos
Sendo passistas e não só passantes nessa vida.

É Carnaval.



segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Trem para as estrelas

Logo cedo se pôs para fora Gabriel
No céu ele viu o sol em decadência.
Desabando o barranco de nuvens verdes
E caia feito desamor e desencontros.

Caia sem fim, e de dentro não saia
Seu poço era tão dor de desperdício,
Não havia de enxergar o amanhecer.
O sol que chegará perto queimava.

O poço transmutou de avido a árido
E não mais se bebia o licor de amor.
Gabriel destoava de ver tanta perda
Da inépcia do sol que no poço jazia.

Foi de gelo que enrijeceu o cortejo
Não derretia em copo de ninguém
Só bebia na taça que não tem nada
E logo forjava de medo a retirada.

De tanto pesar sufocou o peito
E do leito fez o gozo da alvorada,
Entardeceu os olhos com pétalas
Recebendo o aroma da gentileza

Agora Gabriel também recebia
E não só dava, foi encantado
A dança mudava de condução
Gabriel se permitiu ser cortejado.

Assim ele pode conhecer o cume
Lavar o medo em água canoeira
Tirar da adega o macho-cado velho
La na pedra do mar e sair do regime.

Foi assim que o Gabriel reviu o sol
Junto com aquela luz do amanhecer
Ela trouxe do pretérito a entonação
Que desafinava o tom da relação,

No final do dia ao voltar a porta,
Gabriel sentiu do sol um progresso
Algo novo ingeriu o obsoleto conceito
E viu do dorso o efeito de experimentar.











sábado, 8 de fevereiro de 2020

Verdade ou mentira, oque você atira

Eu vi você falar sílabas agudas
Que craseavam falsas no tempo
Eu sabia da turva boca torta
Que não falava a cor natural


Foi ai que aprendeu a dominar
Entoando palavras sem cor,
Mentiras que geram neblina
Embaçando os lírios da clareza.


Nasce um broto verde de dúvida
Logo temos o crescer da floresta
matas densas de flores mentirosas
Ardilosas raízes do falso poder


Quando rasga o céu da boca
A cadente promessa da mentira.
Uma bala perdida você atira
Matando um corpo que acredita


Sabendo que mata a verdade
Quantas balas você irá mentir?
E não fale que isso é escudo,
Ninguém se defende com mentiras.


Serve para encobrir faces escuras
Criar falsas curas que entorpecem
Ensurdecem a voz do modesto
E incônscio começa o protesto.


A mente daquele ralo descrente
Exala o cheiro de quem menti
O odor do medo escorre na pele
E repele a coragem de ser.


Uma sociedade de pós verdade
Com tantos sopros desafinados
E ouvidos sendo padronizados
Ainda Insiste em beijar mentiras.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Do novo para o original

Eu estava caminhando pela relva
Buscando o real ou abstrato novo
Foi dentro da semente do maracujá
Que jaz a fogueira de alguns anos
Eu vi a dor agarrada na fogueira.

Ela pregava a existência dura
Na fagulha desnuda de moldura
Onde a arte escorre bem arteira
Crava a criatividade costumeira
Costura o fogo que apaga crescente.

Cheio estava o jardim futuro
As idéias regavam os grilos
Estridulavam o traço inseguro
Entravam no anseio os sigilos.
Torto foi o fio da gargalhada.

A jangada vinha sendo puxada
Uma lesma trazendo a água
Eu mesma fiz intima a ferida
A autópsia avistava a proa
Fez o novo encontrar a volta.

De volta em volta na evidência
Atravessou o tempo de borboleta
Voltou a ser uma apalpa Original
Deixa fujir de ver verde luneta
E sorri junto do antes e do qual.




terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Pegar o dedo com a mesma mão

A minha infância faz eu querer ver o vento,
Ai quando tenho no olho um horizonte,
Vejo toda as coisas que são para se ver.
Mas eu logo começo ver uma imaginação.

De repente eu tomo o olhar das coisas,
Como os degraus veem o subir e descer,
Como o tronco parado dança no vento,
O que sente a agua no impacto do pulo.

Até o vento ao se deparar com os corpos
Uma vez vi o desenho que faz o som da boca ao ouvido,
Eu vi o rastro de nuvem no rabo de um periquito,
E também ouvi a luz do plâncton no rio.

Eu gosto de saber das coisas sem sentidos,
Ou melhor coisas sem idéias pré concebidas
Que se possa serem imaginadas e com varias possibilidades.
E é assim desde pequeno quando quis pegar o dedo com a mesma mão
E vai atée hoje que peguei o dedo e me fiz criança.