meu edredom sorri
um sorriso besta
e encabulado
congelado para a foto.
A boca muda palavreia
não diz nenhum juízo
e quando diz
a mente voa
batendo o martelo
supondo quase nada.
Eu movo pelo espinhal
não pela Lua
que traz o vento transversal
não pela criança
que só existe o natural.
Eu movo pelo muro
eu olho pela fenda
eu sinto o cheiro da cor
que mistura os brancos
ando nas nuvens
e as escalo ladeira abaixo.
Faço pelo seu sorriso
sorriso de domingo chuvoso
de voz linda e luzente
que na verdade não escuto
passa, deixa o pólen e se esvai
com seu caminhar deslumbrante.
Faço pelo seu inteiro
pelos movimentos lunares
pelas danças da sua fala
por acreditar que é domingo
que logo cairá a chuva
e poderei sapatear nela
deitado balançando da rede.