domingo, 30 de junho de 2013

Domingo de Chuva

Aos domingos chuvosos
meu edredom sorri
um sorriso besta
e encabulado
congelado para a foto.

A boca muda palavreia
não diz nenhum juízo
e quando diz
a mente voa
batendo o martelo
supondo quase nada.

Eu movo pelo espinhal
não pela Lua
que traz o vento transversal
não pela criança
que só existe o natural.

Eu movo pelo muro
eu olho pela fenda
eu sinto o cheiro da cor
que mistura os brancos
ando nas nuvens
e as escalo ladeira abaixo.

Faço pelo seu sorriso
sorriso de domingo chuvoso
de voz linda e luzente
que na verdade não escuto
passa, deixa o pólen e se esvai
com seu caminhar deslumbrante.

Faço pelo seu inteiro
pelos movimentos lunares
pelas danças da sua fala
por acreditar que é domingo
que logo cairá a chuva
e poderei sapatear nela
deitado balançando da rede.

sábado, 29 de junho de 2013

Na savana

Meu amor se perdeu na Africa
em meio aos animais selvagens
e um labirinto de arvores secas
quase não se via a luz do dia
quase não se podia caminhar
A sua sede era saciada em fezes de elefante
ou em cactos de vida em meio aos espinhos.

Seus jantares eram flores lindas
e seu almoço era caçado na savana
essa selvageria o engoliu garganta abaixo
teve que se juntar a tribo
teve que nadar nos rios secos
teve que gingar nos cipós
dormir em galhos  quebrados.

Caminhou sozinho na clareza vasta
em gestos suaves e lentos
seus passos eram de um felino
seus olhos de águia coruja
mas sua essência era de hiena.
Purificou um gnu na manada
migrou em muitas nuvens carregadas.

Derramou sua chuva que escorreu
matou sua volúpia e fluiu como um rio.
De baixo d'água não se foi
se transformou em um peixe
nadou na águas profundas
até achar a saída e voltar.

Nasceu ainda mais forte
trazendo sua selvageria
seus cantos tribais sua fome e sede
Voltou sem conceito, sem vergonha
Deixou tudo lá, e a unica coisa que
pode carregar com sigo e retornar
Foi a permanência do ser Amar.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Meu Lar

O meu corpo é a minha casa
Minha mente a sala de estar
Minha memória é o quintal
Meu intelecto é a fachada
Meu sentimento é a cozinha
Meu ego é o meu quarto
E minha alma é minha cama.
O meu ser é o silencio do meu sono
onde a liberdade do beija-flor
segue a beijar as flores.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Corpo de gelo I

Levo as ruas o meu corpo
De aspecto sólido e vítreo
Pelo tempo encostado ao Norte.
Lugar onde todos são "Eu"
Congelados pelas formas brancas.

Naquelas veredas as cegas,
A cada passo em direção padrão
Me formam pústulas apáticas
Que inseminam o viral pateta,
Tolo, infectado pela inercia emocional.

O ventríloquo do maestro "Ego"
Que encena ao lado das verberas
Com o nome de; criogenia viva.
Onde hibernamos no sarcófago da Terra
 Saindo por ai sem rumo feito Zumbi.