segunda-feira, 10 de maio de 2021

O mito da borboleta

Do pé de vento nasceu uma criança,

Ela nasceu feito borboleta voando.

Quando ainda era casulo já ouvia

E a pupa se enchia de despropósitos.

Até dizerem que ela seria pássaro, 

Águia, mariposa, os dizeres a preenchia

E de gole foram propositando suas asas

Que de peso enferrujou e não voava.

No lombo da vida ela fez um ninho

E foi de passageira enquanto enrugava.

As rugas eram puxadas pelo anuviar

Fazendo o caminho de ser entupido.

Se entupiu com tantos copos de rótulos

Que ficou embriagada de paradigmas

Nas asas que antes existia arco-íris

Só batia o amarelo opaco do permanente.

A permanecia das asas em uma só cor

Perde o sabor de voar ao amanhecer,

Perdendo de vista o movimento do chão

Que de tanto rastejar o movimento,

Descobre que a incompletude pode voar,

Que as assas se despregam com o que falta

E do não saber pode-se dizer borboleta.


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