segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Eu e o nada

Esses dias me vi no vazio,
E chorei entre paredes brancas.
Uma gota triste me contaminou
Fez meu mar ficar inabitável.

Passei a ver o caos no nada.
Não sei se o nada machuca
Ou machuca não fazer nada,
É uma pressão para produção.

A calma só vem quando eu durmo
Sendo que é difícil o dormir
A ansiedade me preenche
Com uma exposição de desenhos.

Ai eu fico nessas histórias
E a noite desaba no tempo
De repente logo, cai o sono
Então tenho um orgasmo sereno

Só que ai quando eu acordo
O acordar quer abraçar o sono
Mas a ansiedade já despertou
Ai eu fico meia hora de rolo

Até que viro os pés no chão
E tomo o rumo de corrida
Saio depressa em desordem
E passo os dias sem tempo

Quiça as vezes vejo as arvores,
Ou canto alto para o horizonte
Esse momento também me calmo
Benditos suspiros de Platão

Porem na maior parte das vezes
Fico procurando o que fazer
E passo o dia costurando
Remendando os nadas com algo

Então eu fico me perguntando
O que existe dentro do nada
Será que ele é inabitável?
Porque ponho tudo dentro dele?

Nessa reflexão tive uma luz
Esse preenchimento do nada
É uma fuga do meu ideal
Porque é no nada que existo

É no nada que eu imagino,
É onde os pássaros cantam
E a poesia preenche as notas
E nasce um pouco mais de mim.

É onde posso desfrutar de mim
E se não estou satisfeito em mim
O nada vai sim me machucar
Vou me apagar de coisas a fazer

Agora se eu estou real existindo
Cada nada me transforma em arte
Faço do dia cada vez mais nada
E do nada eu passo a existir.



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