Havia em um mundo interno
Uma cidade cheia de contos
Cada dia se contava um novo
Um bocado de estórias crescia.
Nesta cidade havia o passado
Ele era cultivado como alimento
O povo sempre estava faminto
E se nutria desse prato pretérito.
Tudo estava ancorado e obsoleto
O cenário no horizonte era dor
As estórias que la eram amuleto
Acabavam se tornando morador.
As estórias aproveitaram do ensejo,
Receberam o cortejo e culturaram-se
A cidade tornou-se os seus contos
Se esqueceu que amanha há recontos.
A cidade dormia em um estrado
Sem lembrar de assentar o colchão
Então acordava com a mesma dor
E não conseguia largar o bordão.
Mesmo que chegasse alguém novo
E vus contasse uma nova estória,
O vasto vislumbre desse povo
Não vus deixava ver outra trajetória
Por fim aquela cidade virou museu
O povo de la de dentro envelheceu
Sem conhecer a cidade vizinha
De onde vinha um povo efêmero.
La, as suas estórias eram um amparo
Para poder aprender estórias novas
E dar de presente aos que ouvem,
A nova visão do desenho das nuvens.
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