segunda-feira, 23 de março de 2020

Confinamento

Tenho estado tão fora de mim,
Não sei qual é a parte de dentro
E esse confinamento me expôs.
Fiquei pasmado ao me apresentar.

No espelho, aquele que  vejo sempre.
Mas o olhar... esse era diferente,
Me encarava cavo, de ver as vísceras
E eu caia no entardecer poente.

No topo da pedra vendo o por vir,
Vinha uma arda e extensa solidão
Nós já tínhamos sido apresentados
A graça é que a conheci quando parti.

Eu lembrei daquele olhar do espelho
Percebi que o conhecia... de onde?
De quando eu dentro mim vivia
E podia hospedar minha presença.

Pus me a chorar sem contorno,
Fui embora um dia e me deixei.
E o pior, foi não saber o outono
Perdi a estação que caminhei.

Agora, com esse repentino reencontro
Com esse caótico ser de quarentena.
De pronto, tive que pensar no olhar
O que posso fazer comigo e pra migo

Decidi me conhecer e vamos sair,
Vamos tomar uma taça de vinho,
Tratar de colocar a conversa em dia
E voltar a me amar como já amei.

Vamos fazer sexo sem o espelho,
Não mais precisar gozar para fora
Quero habitar de tal maneira o eu
Que só de intuir já saiba que é meu.








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