segunda-feira, 20 de abril de 2020

Desumanamento

As vezes a poesia se escreve
em dez minutos
E depois o pássaro
Canta o soneto.

Já ouviu o soneto de um pássaro?
Ele solta todos os ventos
De onde viu existência,
Ai parece que ele sentou ali
Só pra cantar.

Mas cada asa que ele bateu,
foi um ensaio de poema
E esse foi o tema em que vi
As lagrimas na pedra,
Ela chorava o silencio das matas
Que ressova os versos.

Eu sinto falta dos diversos
Cantos escritos por um sabiá.
Ora na janela vinha o Piriquito
E trovava seu grito da rua,
Dai nascia muita prosa.

Agora tem muita desconversa,
A mata ficou la no silencio
E por isso ninguem mais canta,
Fica o zunido passeando
de longe, se vê da janela.

Dai a poesia não vem,
Não tem nenhum vento
Sem qualquer ave a avista.
Aqui deve haver inexistência,
Por causa dos ruidos .

Ouve descuidos ao fazer
Aquela janela envidraçada,
Os passaros batiam nela
Ao não ver a parada,
Não havia mais o mato.

Ouve um deshumanamento,
Derrubaram-lhe as cabeças
Ainda quando era muda,
E quando se faz isso
Todo ecossistema muda.

 Então agora para soar
O poema dos passaros,
É preciso de um sextar,
Um sueto para viajar
E ouvir de novo o soneto.

Enquanto isso,
Afastamos os passáros
E perdemos o seu canto,
Dorme-se e acorda-se
Ao som dos zunidos
de passaros sem voo.

Seguimos criando gaiolas
E Prendendo os poemas
Numa cançao antiética.
Sem as aves asando por ai
Não se vê mais existência no vento,
Perde-se a expressão poética















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